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Em maio de 2024,

534.000 imóveis

ficaram sem energia elétrica durante as enchentes no
Rio Grande do Sul.

Nos próximos 20 anos,

70% da população global

poderá enfrentar mudanças climáticas rápidas e intensas

Quando cada segundo conta, energia e visibilidade se tornam sinônimas de

sobrevivência

Em um futuro cada vez mais incerto, preparar-se é essencial.
E isso significa apostar em soluções que promovam autonomia energética em momentos críticos

Em um futuro cada vez mais incerto, preparar-se é essencial.
E isso significa apostar em soluções que promovam autonomia energética em momentos críticos

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E é neste contexto que nasce o

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Personalizável,

seguro,

resiliente

Fotografia: Vitória Simonovitch

Modelo: Helen Saori Miyasaki

Produção: Vicenzzo Arrighi Spedo

O LumiLenço é um protótipo de lenço de cabeça integrado a células solares flexíveis, que são ocultadas pelo tecido.

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O que é?

O objetivo é que, ao usarem o lenço, mulheres possam converter energia solar em energia elétrica e alimentar um sistema de segurança para situações de resgate.

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Para que serve?

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As placas solares funcionam mesmo cobertas pelo tecido?

Sim!

Em testes realizados com diferentes tecidos, as placas ainda foram capazes de captar e converter energia, embora em uma quantidade menor, a depender das condições do tempo. Nesses testes, tecidos mais translúcidos e de cores claras (como a chita branca estampada) se saíram melhor e prejudicaram menos a captação de energia

Quer entender como o protótipo foi desenvolvido?

Aspecto social

Antes da definição do produto, durante o momento de busca por possíveis problemas ou questões que o Design, enquanto processo criativo e embasado em dados, pudesse resolver, mantive como foco teórico entender a relação entre objetos, peças de vestuário e relações de poder.

Nesse sentido, a produção acadêmica do cientista político estadunidense Langdon Winner foi essencial para o aprofundamento nas questões sociais envolvidas no desenvolvimento de produtos de design. Uma das principais características da produção de Winner em seu artigo Do artifacts have politics? é a sua extensa imersão nos chamados artefatos inerentemente políticos ou tecnologias inerentemente políticas.

Para Winner (2019, p. 210), "alguns tipos de tecnologia exigem que seu ambiente social seja estruturado de um modo particular, quase no mesmo sentido em que um automóvel exige rodas para se mover".

Este aspecto, aqui muito brevemente descrito, demonstra a importância de se pensar um projeto de design de maneira holística e levando em conta suas repercussões sociais estruturais. Portanto, no desenvolvimento do LumiLenço, colocar o usuário final do produto no centro das experimentações e ideações foi vital para que o resultado final fosse capaz de promover uma realidade social mais justa e adaptada a seu público-alvo.

Antes da definição do produto, durante o momento de busca por possíveis problemas ou questões que o Design, enquanto processo criativo e embasado em dados, pudesse resolver, mantive como foco teórico entender a relação entre objetos, peças de vestuário e relações de poder.

Nesse sentido, a produção acadêmica do cientista político estadunidense Langdon Winner foi essencial para o aprofundamento nas questões sociais envolvidas no desenvolvimento de produtos de design. Uma das principais características da produção de Winner em seu artigo Do artifacts have politics? é a sua extensa imersão nos chamados artefatos inerentemente políticos ou tecnologias inerentemente políticas.

Para Winner (2019, p. 210), "alguns tipos de tecnologia exigem que seu ambiente social seja estruturado de um modo particular, quase no mesmo sentido em que um automóvel exige rodas para se mover".

Este aspecto, aqui muito brevemente descrito, demonstra a importância de se pensar um projeto de design de maneira holística e levando em conta suas repercussões sociais estruturais. Portanto, no desenvolvimento do LumiLenço, colocar o usuário final do produto no centro das experimentações e ideações foi vital para que o resultado final fosse capaz de promover uma realidade social mais justa e adaptada a seu público-alvo.

Casa Violeta

A partir da análise acima e já com a ideia do wearable em mente, tornou-se claro que era necessário explorar a problemática das situações de emergência enfrentadas por mulheres a partir da perspectiva de pessoas que já as tivessem vivenciado.

Em busca de instituições que pudessem auxiliar nesse contato, a Casa Violeta se destacou por abranger exatamente o público-alvo do produto, uma vez que, durante as enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul em 2024, promoveu o acolhimento de mulheres em condição de vulnerabilidade social e que tivessem sido atingidas pelas enchentes, com filhas de até 18 anos incompletos e filhos de até 12 anos incompletos.

Aqui, é importante ressaltar que a Casa Violeta foi resultado de uma força-tarefa de diferentes agentes, destacando-se o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, com gestão e operação pela Me Too Brasil e pelo Instituto Survivor, além de diversos voluntários.

 

Tendo em mente a sensibilidade do tema, em contato com Marina Ganzarolli, fundadora da Me Too Brasil, e com Paula Porcello e a equipe técnica da Casa Violeta, foi realizada uma intermediação com as mulheres acolhidas pela instituição, que apoiaram a resposta de 14 perguntas estruturadas. Por meio desse questionário, foi possível compreender, em profundidade, dores vividas pelo público-alvo do produto. Um resumo dos insights obtidos pode ser visto no esquema abaixo:

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Devido à pressa na hora de evacuarem suas casas, muitas mulheres levavam consigo apenas a "roupa do corpo"

A falta de eletricidade impactou fortemente as decisões das mulheres afetadas, influenciando a decisão de permanecer em casa

Durante as enchentes, roubos foram comuns e ameaçavam a segurança material

As mulheres abrigadas não possuíam kits de emergência para situações como as enchentes

Conclusões tomadas a partir desses insights:

  • A falta de energia elétrica é um problema multifacetado, pois age em diversas esferas, que vão desde a conservação de alimentos em refrigeradores até a impossibilidade de se carregar celulares, afetando a comunicação das mulheres afetadas com familiares e serviços de emergência;

  • No desenvolvimento de um produto para esse público-alvo, levando-se em consideração as particularidades da situação analisada, é importante que qualquer tecnologia utilizada seja ocultada visualmente, adicionando uma camada de proteção contra roubos e furtos;

  • O produto desenvolvido precisa ser de fácil portabilidade e preferencialmente vestível, uma vez que, em situações de emergência, roupas são alguns dos únicos itens levados em um contexto de agilidade.

Referências

WINNER, Langdon. Artefatos têm política? Analytica, Rio de Janeiro, Brasil, v. 21, n. 2, 195-218, jun. 2019. Disponível em: <https://doi.org/10.35920/arf.v21i2.22470>. Tradução de: Debora Pazetto Ferreira e Luiz Henrique de Lacerda Abrahão. Acesso em: 4 abr. 2024

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O LumiLenço foi desenvolvido como Trabalho de Conclusão de Curso do Bacharelado em Design Gráfico pelo graduando Vicenzzo Arrighi Spedo, sob orientação do Prof. Dr. Rafael Tadashi Miyashiro, durante o ano de 2024 no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, não tendo fins lucrativos, comerciais ou investimento externo.

Agradecimentos:

Dada a complexidade e a interdisciplinaridade do projeto, que envolvia desde a área de Design até conceitos e aplicações de Engenharia Elétrica, a ajuda de muitos colegas foi necessária para a sua realização.

Agradeço à minha mãe, Júlia, por ser minha maior apoiadora e cobaia principal dos meus experimentos desde criança.

Agradeço às pesquisadoras envolvidas no projeto Sun-Powered Textiles, desenvolvido na Aalto University, Finlândia. Embora não tenham sido envolvidas diretamente no projeto, a riqueza e a excelência do material desenvolvido por elas foi o que possibilitou sua adaptação para o contexto brasileiro, provando o aspecto colaborativo necessário à ciência.

Agradeço ao engenheiro eletricista Leonardo Barsotti e ao graduando em Engenharia Vinicius Ramos, absolutamente essenciais na etapa elétrica do projeto.

Às minhas amigas, em ordem alfabética, agradeço pelo apoio emocional, operacional e estratégico: Ágatha Depiné, Alayne Victoria, Ana Paula Finato, Gabriela Sinnecker e Isabela Temístocles.

Agradeço especialmente a Helen Saori Miyasaki e Vitória Simonovitch, respectivamente, modelo e fotógrafa do protótipo, além de grandes designers e amigas que compartilharam 4 anos de amizade e parceria comigo.

Agradeço à Me Too Brasil e à Casa Violeta, em especial: Marina Ganzarolli, Paula Porcello e toda a equipe técnica da Casa Violeta, que foram vitais na etapa de imersão e entendimento do problema.

Por fim, agradeço aos professores doutores Rafael Tadashi Miyashiro, Tatiana Boulhosa e Andrea Bortolotto, orientadores que me ensinaram para muito além da vida acadêmica.

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